sábado, 4 de julho de 2020

Tem saída?

Sexta-feira, 03/07/2020.
Tive que ir ao centro da cidade resolver um problema no meu celular.
Após 3 meses de Pandemia peguei um ônibus.
Como moro na região central, não me preocupei com lotação do veículo.
Assim que entrei no ônibus percebi que tinha alguém tossindo, mas pude me sentar longe.
Todos os passageiros de máscara.
Tudo tranquilo. Ou quase.
Até o momento que uma moça entrou, sentou-se, e começou a comer.
Isso não rompeu a tranquilidade da viagem, pois ela tentou ser discreta. Mordidas pequenas no sanduíche ou salgadinho, e logo levantava a máscara para a posição correta, enquanto mastigava.
Provavelmente só eu e o cobrador percebemos o esforço da moça, que logo desceu.
Pensei comigo que ela poderia ter esperado para comer sossegadamente, mas a vida é difícil e corrida para quem depende do transporte público.
Não demorou, e já estávamos nas proximidades da Praça da Sé.
O ônibus seguiu o trajeto pela rua Anita Garibaldi, ao lado do Palácio da Justiça, sede do Tribunal de Justiça de SP, e normalmente, antes da Pandemia já era possível ver alguns moradores de rua ocupando os terraços da Praça da Sé, inclusive com suas barracas de lona.
Nessa sexta-feira vi algo diferente e muito triste.
Logo nesse pequeno trecho da rua Anita Garibaldi já deu para perceber um aumento do número de pessoas e de barracas.
Alguns metros a diante, em questão de segundos, o cenário se tornou mais impactante.
Uma multidão!
Milhares de pessoas lotando esse lado da Praça da Sé aparentemente atrás de comida.
Centenas formavam uma longa fila, e foi possível  ver que se direvionavam às tendas mais para o centro da Praça.
Milhares infelizmente não é exagero nesta descrição.
Só vi a Praça da Sé mais cheia de gente em manifestações.
Fiz o que tinha que fazer no centro da cidade.
Encontrei pessoas que há muito não via.
Voltei para casa, e me deparei com a notícia de que a Primeira Dama do Estado de SP, Bia Doria, em conversa com uma socialaite, recomendava não dar comida para morador de rua.
https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/07/03/bia-doria-diz-que-nao-se-deve-doar-marmitas-para-moradores-de-rua-porque-eles-gostam-de-ficar-nas-ruas-e-um-atrativo.ghtml

A Primeira Dama pediu desculpas, e disse que sua fala foi retirada do contexto.

Fica a sugestão para a Primeira Dama passar na Praça da Sé por volta do meio dia.

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